Pular para o conteúdo principal

O que é ser autêntico?

Muitas pessoas recebem uma educação que anula o entendimento da autenticidade. Ser autêntico exige uma luta permanente consigo mesmo, portanto, é mais fácil falar de autenticidade do que adquiri-la ou praticá-la. Confira o que você deve fazer para manter a autenticidade e a sua integridade.

Por Jerônimo Mendes


De acordo com Nathaniel Branden, Ph.D. em Psicologia, “as mentiras mais devastadoras para a nossa auto-estima não são as que contamos, mas as que vivemos.” De fato, quando a realidade da nossa experiência e a essência do nosso ser é distorcida, vivemos aquilo que comumente se denomina de mentira, ilusão, auto-engano, fantasia e, por vezes, falta de integridade. Tão difícil quanto aceitar a realidade é entender a autenticidade.

Autenticidade é a característica de quem é autêntico, íntegro, legítimo, verdadeiro, sincero. Nesse sentido, você deixa de ser autêntico quando: demonstra superioridade ou inferioridade perante os demais; finge ter problemas para levar vantagem sobre alguém; ostenta uma situação incompatível com a sua realidade profissional e financeira; muda com freqüência de credo e opinião; age diferente do que sua consciência manda; deixa-se influenciar pelo comportamento alheio; levanta a voz para fazer valer o seu ponto de vista; abre mão de suas convicções para ser aceito em determinado grupo; vive uma vida que não é sua; acredita mais nos outros do que em si mesmo; preocupa-se mais com os que outros pensam a seu respeito do que você mesmo; fala uma coisa e faz outra.

Ser autêntico exige uma luta constante consigo mesmo. Enquanto você tenta seguir à risca os ensinamentos proferidos por seus pais, amigos do peito e professores inesquecíveis, o mundo ao seu redor sugere o contrário: um pouco de mentira não faz mal; todo mundo trai; ninguém vai sentir falta; todo mundo rouba; ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão; estudo não enche barriga e outras afirmações absurdas que colocam em xeque a consciência e a autenticidade do ser humano.

Muitas pessoas recebem uma educação que anula o entendimento da autenticidade. Desde pequenas, aprendem a sorrir para quem não gostam, a negar o que sentem, a revidar em caso de ofensa, a apelar quando necessário, a rejeitar alguns aspectos da sua condição em vez de tentar entendê-los. Ser pobre ou menos abastado não significa ser inferior, mas não é isso o que reina.

Infelizmente, viver uma vida anônima, simples, com base em princípios e valores sólidos, não tem qualquer atrativo para a mídia em geral que se vale da hipocrisia e da desgraça alheia. Para atender aos anseios da sociedade em geral, as pessoas representam o tempo todo e procuram fazer de tudo, em troca de alguns minutos de fama, exceto aquilo que a consciência e o seu coração mandam. O homem só é sincero sozinho, dizia Emerson, pensador norte-americano.

Certa vez assisti uma entrevista com um advogado criminalista, o qual afirmava o seguinte: quando alguém tira a vida de uma pessoa, aquilo provoca dor, desgosto, repulsa e outros sintomas difíceis de serem corrigidos. Na segunda vez em que isso acontece, existe a uma dor temporária, porém amenizada em função da primeira. A partir da terceira ou quarta vida, a pessoa incorpora aquilo como se fosse algo normal, inerente à condição humana, por uma questão de sobrevivência, autodefesa, lei do mais forte ou coisa que o valha. Exemplo semelhante ocorre com os corruptos, os infiéis, os traficantes e os estelionatários. Quanto você vive em meio à mentira, acaba fazendo parte dela.

Por essas e outras razões, é bem mais fácil falar de autenticidade do que adquiri-la, o que soa um pouco contraditório. Em vida, nascemos e permanecemos autênticos por um bom tempo, entre a infância e parte da adolescência. De alguma forma, a realidade do mundo consegue modificar o comportamento das pessoas, algumas para o bem, outras nem tanto.

Em nome da sobrevivência, o ser humano tende a se fingir de morto, a sufocar a dor, bajular, dissimular, exaltar qualidades alheias e, por vezes, perder a fé em si mesmo. Entretanto, ser autentico não significa revelar todos os segredos, entregar-se de corpo e alma numa relação, emitir opiniões controvertidas, dizer abestalhadamente tudo o que lhe vem à mente, disparar críticas infundadas, abrir mão das suas convicções.

Conservar a autenticidade é uma tarefa hercúlea, pois o “eu interior” precisa estar em sintonia com o “eu exterior”. Se, por um lado, pessoas autênticas são taxadas de antipáticas, frias e indiferentes, por outro, são mais respeitadas, conseguem mais amigos e transmitem mais confiança porque se pode contar com elas sem o perigo da traição, da mentira e da hipocrisia.

Por fim, lembre-se: pessoas autênticas valorizam a si mesmo e são mais autoconfiantes. Se você consegue expressar seus sentimentos com sinceridade e sutileza ao mesmo tempo, sem ferir os sentimentos alheios, você está no caminho certo. Ninguém conquista elevado nível de autenticidade sem antes compreender a si mesmo e, depois, o universo ao seu redor. De acordo com Jean-Sartre, filósofo francês, o desejo de adquirir a autenticidade nada mais é do que o desejo de compreendê-la melhor e não a perder.

Pense nisso e seja feliz!

Jerônimo Mendes, Administrador, Professor Universitário e Palestrante, Especialista emDesenvolvimento Pessoal e Profissional, apaixonado por Empreendedorismo

Fonte:

(Erinaldo Alves)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

CULTURA E BELEZA...

Os padrões estéticos são diferentes para diversos povos e épocas. Muitas vezes o que consideramos algo bizarro e feio, para alguns povos é algo com significado especial e uma busca por outro padrão de beleza. Na África diversos povos possuem algumas práticas e costumes que podem parecer bizarros para os ocidentais. O povo Mursi, na Etiópia, costuma cortar o lábio inferior para introduzir um prato até que o lábio chegue a uma extensão máxima, costuma pôr também, no lóbulo da orelha. Ao passar dos anos, vão mudando o tamanho da placa para uma maior até que a deformação atinja um tamanho exagerado. Tais procedimentos estão associados a padrões de beleza.[...] As mulheres do povo Ndebele, em Lesedi, na África, usam pesadas argolas de metal no pescoço, pernas e braços, depois que casam. Dizem que é para não fugirem de seus maridos e nem olharem para o lado. Esse hábito também pertence as mulheres do povo Padaung, de Burma, no sudoeste da Ásia, conhecidas como “mulheres girafas”. Segundo a t...

Iluminogravuras de Ariano Suassuna

1) Fundamentos da visualidade nas imagens de Ariano Suassuna: - É herdeiro de uma visão romântica: “invenção de uma arte tipicamente nacional”. - O nordeste surge como temática privilegiada no modernismo, especialmente, após a década de 1930; - Ariano acredita que a “civilização do couro” gestou nossa identidade nacional; - Interesse por iluminuras surgiu a partir de A Pedra do Reino 2)Iluminuras Junção de Iluminuras com gravuras. É um tipo de poesia visual: une o texto literário e a imagem. Objeto artístico, remoto e atual, que alia as técnicas da iluminura medieval aos modernos processos de gravação em papel. 3) Processo de produção de iluminuras Para confeccionar o trabalho, Ariano produz, primeiro, uma matriz da ilustração e do texto manuscrito, com nanquim preto sobre papel branco. Em seguida, faz cópias da matriz em uma máquina de gráfica offset; Depois, cada cópia é trabalhada manualmente: ele colore o desenho com tintas guache, óleo e aquarela, por meio do pincel. - Letras – ba...

Analisando o desenho animado: Bob Esponja

Fonte da imagem: sapo-com.blogspot.com/2007/08/bob-esponja.html Histórico do desenho O desenho foi criado por Stephen Hillenburg, formado em ciências e biologia marinha e em desenho artístico. Para compor o seu personagem, ele começou a desenhar esponjas redondas, mas depois descobriu que as esponjas quadradas poderiam ser engraçadas, com calças quadradas e gravata. O personagem criado por ele foi então batizado de "Spongeboy", mas já havia um outro com esse nome, e tiveram que rebatizá-lo como "Spongebob". No dia 22 abril de 1999, depois do 12th Annual Kid's Choice Awards no canal por assinatura Nickelodeon, Bob Esponja bateu recordes de audiência pela primeira vez no ar com o episódio piloto "Help Wanted/Tea at the Treedome". Mas, oficialmente, dia dezessete de julho, com o segundo episódio "Bubblestand/Ripped Pants", o desenho cresceu como fenômeno, tornando-se o número um da Nickelodeon. Descrição do desenho O desenho é ambientado no cora...