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Geração Videogame

Imagem da instalação de Gabriel Braga, que fica em cartaz no Sesc Pinheiros de 13/11 a 2/12/2007.
O projeto Cubo de Ensaio vai transformar o prédio do Sesc Pinheiros num espaço de experimentação artística, com quatro projetos que apresentam processos de criação em arte contemporânea. O artista plástico Gabriel Braga integra o Cubo com oficinas e a instalação A Gente Olha para o Outro do Lugar em que a Gente Está. Por meio de recursos multimídia, o espectador pode participar de uma espécie de roteiro interativo. Na entrevista abaixo, Braga fala sobre o trabalho e suas influências:
Como surgiu o A Gente Olha para o Outro do Lugar em que a Gente Está?
É um trabalho inédito. Eu já tinha esse projeto faz tempo, mas como ele envolve ator, filmagem em estúdio, enfim, uma infra-estrutura muito grande, eu, como artista plástico, nunca consegui fazer. No início do ano eu recebi o PAC (Plano e Ação Cultural) da Secretaria do Estado da Cultura e aí pude realizar o projeto. Montei mas nunca consegui achar um espaço para exibir, até que levei ao Sesc.
A instalação passa por mudanças no decorrer da exibição?Ela tem duas mudanças relacionadas ao processo. A primeira é o DVD, que reúne vários trechinhos de uma história, todos interligados. Eles ficam rodando infinitamente, até alguém mexer. Cada vez que o espectador interagir, ele vai rodar de outra maneira. Outro ponto é que eu também vou dar oficinas, produzindo vídeos. À medida em que eles ficarem prontos, eu vou colocar dentro dessa trama, que é cheia de caminhos ocultos e variáveis.

Cerimônia do chá, uma tradição japonesa, que Braga faz referência na obra



A interatividade atrai o público para a obra?

Acredito que sim. Eu espero que as pessoas se aproximem, pois a instalação traz um bombardeio de informações. No mundo das artes plásticas, parece que temos de andar junto com a cabeça do público, pois a capacidade de se entediar é muito grande. Entretanto, também é perigoso banalizar as artes. É uma linha tênue que separa as duas coisas.

A minha geração cresceu com o videogame”. Cena do game Final Fight, lançado em 1989. Clássico dos fliperamas nos anos 90.

Qual é a relação que a obra propõe com o espectador?
A minha idéia era conseguir a interação com o público, por isso quis fazer um vídeo bem sedutor do ponto de vista técnico. Como ele também será exposto na internet, deve chamar a atenção de adolescentes, graças à sua estética de videogame. Mas tem um contraponto que é a cerimônia do chá, uma tradição japonesa, super parada, onde demora séculos para acontecer um movimento. Tem uma explosão de cores que lembra o mangá. Ao mesmo tempo em que a obra seduz, eu também quero exigir um pouco do público para que ele entre em contato com a obra inteira.


Estética de videogame e bombardeio de informações

Boa parte dos seus trabalhos é em vídeo… Essa é uma linguagem que se adequa ao seu trabalho?


Eu sempre me fascinei muito com o vídeo, desde criança, embora também faça pintura. Na verdade, o vídeo é um suporte, tanto que eu chamo o projeto de vídeo gravura, pois na gravura há várias camadas onde você estampa, e eu estou fazendo esta obra com o mesmo princípio. A minha geração cresceu com o videogame, e eu sempre fui super tecnológico. Fico fascinado em mandar um arquivo do computador por bluetooth. Lembro quando eu falava com meu pai “como assim não tinha TV quando você era pequeno?” e hoje, dou aula de educação artística para crianças e elas falam “como assim não tinha MSN quando você era pequeno?” (risos).



CUBO DE ENSAIO - A Gente Olha para o Outro do Lugar em que a Gente Está Gabriel Braga



Eis uma proposta que articula arte, videogame e cultura japonesa. Muito interessante!!!

A exposição aconteceu em novembro de 2007, no Sesc Pinheiros


Fonte:


http://mostrasesc.wordpress.com/2007/11/12/geracao-video-game/ (Erinaldo Alves)

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