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Web arte: Coletividade e participação


Nunca te vi, sempre criei – Ao se falar em colaboração, temos o trabalho MOONE de Gilbertto Prado, realizado em 1992 durante a IX Documenta de Kassel. Aqui, o artista disponibilizava através de uma rede digital (ISDN) uma tela partilhada entre dois visitantes: um localizado em Paris (França) e outro em Kassel (Alemanha). Em tempo real, os participantes fisicamente distantes e eventualmente desconhecidos, dispunham de ferramentas de desenho e elaboravam composições em conjunto. Nas imagens acima, respectivamente, a tela de abertura e algumas das imagens produzidas em colaboração.

Há vários trabalhos de web arte que estabelecem espaços de colaboração coletiva, como o site Graphic Jam dos artistas Andy Deck e Mark Napier. Este site, off-line há alguns anos, possibilitava que os visitantes estabelecem um espaço de colaboração criativa: a partir de uma tela e “pincéis”, era possível fazer interferências gráficas, desenhos, rabiscos. Essas interferências eram realizadas sobre interferências de visitantes anteriores, num processo de constante sobreposição das garatujas ali adicionadas. Além disso, se dois ou mais internautas conectassem no site ao mesmo tempo era possível interferir um no desenho que o outro estivesse fazendo. Estabelece-se, portanto, uma criação coletiva. Assim como em Cronofagia, o trabalho existe em função da participação do visitante, num processo contínuo. Sobre a participação coletiva em trabalhos em rede, PRADO (1997a) define:
"O participante está inserido duplamente como um de seus elementos ativos: individualmente como “mestre-temporário” da situação e enquanto co-autor num sistema participativo também com certos graus de liberdade e de possibilidades. A partir do momento que o interventor se desloca em cada ponto da rede, ele leva consigo todos os outros. Ele faz valer suas intervenções até o próximo contato, a partir do qual ele se torna espectador sem nenhum poder de ação, mas como um 'fomentador' da situação que ele iniciou. Este encadeamento de transformações é ligado inicialmente ao processo antes de estar ligado ao produto visual e/ou sonoro. É todo um imaginário social e artístico que se apresenta e está em expansão e do qual dificilmente podemos separar as participações individuais".
O site Graphic Jam encontra-se offline atualmente. O antigo endereço era o seguinte: http://bb2.thing.net/jam. Num dos sites de um dos artistas (Andy Deck) é possível acessar o site Open Studio (http://draw.artcontext.net), que é muito parecido com o Graphic Jam em suas ferramentas e no fato de ser possível interagir ao vivo com outro usuário.

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