Ao passar pela Praça Dom Adauto, conhecida popularmente como do Bispo, você já parou para reparar no monumento que está erguido lá? De quem é a figura retratada? Aquele homem representado no bronze, sob a sombra das ávores frondosas e em cima de um pedestal de mármore, é Álvaro Machado, um dos mais poderosos políticos da história da Paraíba. Ele foi governador durante 20 anos, entre 1892 e 1912 e é considerado o maior representante da principal oligarquia da época, responsável pela criação do termo “alvarismo”. O monumento foi inaugurado em 1918, quando o irmão de Álvaro, João Machado, era governador. Considerado o mais imponente dos monumentos paraibanos, chamou a atenção do sociólogo Gilberto Freyre quando ele esteve na Paraíba alguns anos depois da obra ser inaugurada. Levado pelo escritor José Lins do Rêgo para uma visita ao então arcebispo dom Adauto, ele se admirou com sua opulência e questionou se havia um monumento do mesmo porte em homenagem a Augusto dos Anjos. Não havia. Augusto era só um artista, não detinha o poder. Quem passa pelas ruas do centro de João Pessoa nem sempre percebe, mas há história impressa em seus endereços centrais. Um passeio pelas praças e principais avenidas, tanto para o visitante quanto para o morador, pode render uma aula e tanto, além de ser uma boa forma de entender a lógica da sociedade. “Os monumentos roteirizam a história das cidades, através deles é possível contar a saga de um povo”, acredita o historiador José Octávio de Arruda Melo, autor de diversos livros sobre a história da Paraíba. Nas páginas do Dicionário Aurélio consta que “monumento é uma obra ou construção que se destina a transmitir à posteridade a memória de um fato ou pessoa notável”. E as ruas da cidade antiga oferecem inúmeros exemplos para comprovar esse conceito. Ruas com nomes de heróis e praças exibindo seus bustos são uma forma de homenagear homens que fizeram a história do Estado, mas também de legitimar as relações de poder estabelecidas.
ALINE OLIVEIRA
Fonte: Jornal da Paraíba - 20/3/2006
ALINE OLIVEIRA
Fonte: Jornal da Paraíba - 20/3/2006
Comentários