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Breve História da moda: o surgimento da "alta costura"

por Sílvio Anaz

O marco do surgimento da Alta Costura é a abertura entre 1857 e 1858 em Paris, no ateliê de costura de Charles-Frédéric Worth, na Rue de Le Paix. Worth, em plena Revolução Industrial, inovou ao desenvolver modelos inéditos e sob medidas para suas clientes. Além disso, as peças eram apresentadas por mulheres jovens que as desfilavam pela loja. Worth fundou com sua iniciativa um modelo de negócios que estabeleceu as diretrizes da Alta Costura: criações exclusivas, lançamento de tendências, elevação do costureiro à condição de artista e a promoção de espetáculos publicitários sazonais baseados em grifes e modelos (manequins vivos).

Desde então, a Alta Costura projetou nomes de criadores que viraram sinônimo de sofisticação e bom gosto. Roupas, sapatos, bolsas, óculos, cintos, perfumes e cosméticos que levem a assinatura de costureiros como Giorgio Armani, Coco Chanel, Yves Saint Laurent, Emanuel Ungaro, Givenchy, Jean-Paul Gaultier, Dolce e Gabbana, Karl Lagerfeld, Christian Dior e Donatella Versace, entre outros, são objetos de desejo ao redor do mundo.


Mas esse fenômeno é fruto essencialmente também da adesão das casas da Alta Costura a um novo modo de fazer moda que surge em 1949, o prêt-à-porter (que significa algo como “pronto para usar”). A idéia de produzir industrialmente roupas com um acabamento superior e que seguissem as tendências da moda, mas que fossem economicamente acessíveis, norteou o surgimento do prêt-à-porter. Após os primeiros anos quando procurou apenas imitar os padrões da Alta Costura, o prêt-à-porter deu uma guinada nos anos 60 e começou a oferecer um conceito de moda voltado à juventude e à audácia. O surgimento da cultura jovem a partir dos anos 50 e da elevação do adolescente à condição de consumidor foram elementos fundamentais para a renovação que o prêt-à-porter provocou no mundo da moda. O primeiro costureiro da Alta Costura a aderir ao estilo prêt-à-porter foi Pierre Cardin em 1959.


Desde então, as últimas décadas têm mostrado o surgimento de múltiplos focos criativos do modo de se fazer moda, com o rompimento da homogeneidade de padrões e o predomínio de uma tolerância coletiva em termos de vestuários.


Mesmo com essa “democratização” da moda, prevalece ainda nas sociedades urbanas e ocidentais o desejo por roupas e acessórios de grifes como forma de distinção e até mesmo aceitação social. Paradoxalmente, o desejo de se individualizar a partir da aparência caminha lado a lado com o de se identificar com o seu grupo social, sua “tribo”, também através da aparência, o que leva a uma homogeneidade de estilos ditada pelas múltiplas modas.


Na avaliação de Gilles Lipovetsky, a moda une o conformismo e o individualismo desde o seu começo. Para ele, a evolução da moda não levou a uma explosão de originalidade individualista, mas a uma neutralização progressiva do desejo de distinção no vestuário. Mas Lipovetsky ressalta que por outro lado o individualismo no vestuário aumentou notavelmente, pois atualmente nos vestimos mais em função de nossos gostos do que por conta de uma norma imperativa e uniforme.

Fonte: http://pessoas.hsw.uol.com.br/industria-da-moda1.htm

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