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Arte, currículo e Cultura Visual por Kerry Freedman


Fonte da imagens: http://www.saindodamatrix.com.br/mob/archives/hdtv-games-widescreen.jpg

Os enunciado expostos a seguir, proferidos pela profa. Kerry Freedman, foram extraídos de um "breve relatório de participação", redigido por Archidy Picado Filho, quando participou do Seminário Internacional de Educação – Arte, Currículo e Cultura Visual, ocorrido na cidade de São Paulo nos dias 17 e 18 de Maio de 2007, no Centro Universitário Maria Antonia. Esta é mais uma qualidade de Archidy: capacidade de registrar palestras e de socializá-las.
Kerry Freedman é professora de Arte e Educação de Norther Illinois Universit. Sua pesquisa tem como foco relação entre currículo, sociedade e cultura, envolvendo os estudantes com a cultura visual e as condições atuais da educação sob o impacto da tecnologia. Seus textos estão publicados em periódicos especializados. É autora do livro Teaching Visual Culture (Teachers College Press, 2003).

Cultura visual e Jogos de computador

“Muitos acham que jogos de computador são péssimos, que influenciam mal etc. Mas não gosto de ver as coisas por uma única abordagem, porque existem várias para serem consideradas; têm características diferentes em contextos diferentes”.


“A Cultura é considerada como a soma das múltiplas representações do mundo. Há grande quantidade de alunos que adoram Shrek e temos que saber usar os interesses deles para poder motivá-los ao interesse por nossas aulas. Gosto muito de fantasia e ficção-científica. Sou capaz de perder uma reunião por causa de um bom jogo de computador. Tenho esses interesses em conexão com os interesses dos alunos”.


“Sempre digo aos meus alunos que eles têm que ver tv. Eles não acreditam que falo sério, ficam chocados, mas eles são professores e têm que conhecer os universos dos quais seus alunos gostam”.


“Muitas interações de nossos alunos com a cultura visual acontecem quando estão diante de uma tela de computador, na tv, no Cinema e em muitos outros recursos. É importante pedir a eles que tragam as que coisas que lhes atraem a atenção e coisas que eles mesmos criam”.


“Não podemos entender obras de arte na pós-modernidade do ponto de vista de uma análise formal, usando conceitos e métodos formalistas. Se assim fizermos, estaremos fazendo errado”.


Cultura visual

“Tudo o que é criado pelos homens é produção de Cultura. Árvores num campo não são expressões de uma cultura visual, e quando eu digo ‘cultura visual’ não estou me referindo somente as manifestações da cultura popular, mas também as Belas Artes ”


“Na cultura visual se incluem todas as expressões que nos atingem visualmente, seja através do vídeo, das pinturas, do Cinema, do Teatro, da Dança etc. Ela tem a ver com o poder de representar as pessoas, as culturas”.


“Os significados são criados a partir de narrativas de qualquer tipo e a cultura visual ajuda os alunos a entenderem as relações entre elas”.


“A cultura visual representa os diferentes aspectos de nossa identidade – e não apenas de nossa própria identidade, mas também de nossa identidade social”.


“A melhor prática da arte educação é fazer com que os alunos compreendem o poder de formação e transformação da cultura visual e a responsabilidade social que acompanha tal poder”.


Cultura visual e o fazer

“Valorizo muito a produção. Você precisa ter feito alguma coisa de arte para entender melhor o que ela quer significar”.


Currículo

“Os professores precisam compreender que, na verdade, a melhor forma de trabalho com artes visuais é considerar as conexões cognitivas, ou seja, aprender sobre a existência de culturas diferentes e fazer conexões entre elas”.


“Precisamos sempre referendar as influências da tecnologia, das ‘redes tecnológicas’ para mostrar como a tecnologia tem influenciado o cotidiano”.


“É preciso referendar como um livro se transforma num filme, que se transforma num brinquedo etc. e isso é muito mais interdisciplinar do que qualquer outra coisa”.


“Temos que diminuir as fronteiras, que existem dentro dos museus e fora deles, dentro de determinadas disciplinas e fora delas”.


“Os Estados Unidos não têm um currículo nacional para o ensino de Artes Visuais. Há tanta diversidade nos Estados Unidos que não creio interessante termos um currículo nacional, embora alguns políticos lá estejam trabalhando para isso”.


“Há três tipos de currículos : o linear (que vai horizontal e retilínea de um ponto A para um ponto B), um aditivo (que evolui de um ponto A para um ponto B em degraus ascendentes), como o dos anos 1950, construído por blocos a tornar mais complexos os conteúdos, e um em espiral, muito usado hoje em dia (onde há sempre um ponto de revisão de conteúdos propostos antes). Proponho a forma de currículo “Matrix”, uma rede ramificada em várias direções. Você pode começar de um ponto A em qualquer lugar e chegar a um ponto B em qualquer lugar – sendo esse um exemplo de uma forma curricular que contempla uma abordagem mais pós-modernista, uma forma mais independente de se elaborar um currículo, onde os alunos podem ir por vários caminhos diferentes para chegarem ao lugar onde quero que cheguem. Considero o currículo ‘Matrix’ mais holístico, menos fragmentário”.


“Quatro pontos básicos devem permear o ensino de cultura visual: 1) é preciso fomentar a produção de respostas criativas e correr riscos; 2) a avaliação deve promover a independência da busca; 3) deve promover o engajamento da cultura visual com outras culturas, e 4) deve proporcionar a utilização de múltiplos materiais além dos tradicionais, como fazem os artistas pós-modernos”.


“O ideal é que haja professores e artistas trabalhando juntos na elaboração dos currículos”.

(Erinaldo Alves)

Comentários

Anônimo disse…
A cultura visual é uma plataforma de aquisição de conhecimento visual - cultural e artistico. A partir de imagens do quotidiano promove a construção de metalinguagens e, onde o meio serve de epiocentro analitico,na sua ( des) construção

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