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O ensino das artes e ofícios nas oficinas dos artistas leigos em Minas Gerais


Fonte da imagem: www.bonde.com.br/.../2005/04/img_fotog1_50.jpg

As artes e ofícios, diversamente do que ocorria no litoral brasileiro, passou a ser ensinada, mormente em Minas Gerais, em oficinas coordenadas por artistas leigos ou católicos fervorosos, pois esse requisito era decisivo para firmar contratos com associações leigas ou irmandades. Essa mudança é conseqüência, dentre outros fatores, dos influxos do iluminismo na colônia brasileira, na qual as diretrizes passaram a ser adotadas pelo Estado.
Como predominavam interesses coloniais, nesse momento, mais restritos às diretrizes da monarquia, as associações ou irmandades foram incumbidas da guarda, conservação e decoração das igrejas. Contratavam profissionais para atenderem às necessidades dos templos. Com o apogeu do ouro, a importância de um povoado mineiro e sua religiosidade eram demonstradas pela imponência ornamental das igrejas matrizes. As associações leigas ou irmandades ganhavam prestígio à medida que atuavam em prol desses interesses.
As oficinas eram, em geral, comandadas por empreiteiros, que se apresentavam perante as Câmaras, irmandades e ordens, para realizar as encomendas, em sua maioria, para a decoração de interiores. Contavam com a ajuda de escravos para os trabalhos mais pesados, e com mestiços, com remuneração monetária, para os trabalhos mais refinados. Esses últimos eram examinados anualmente por juizes nomeados pelas Câmaras.
O pai, quando dominava algum ofício, era o mestre do seu próprio filho. Em outros, os pais faziam um contrato por escrito ou oral para que os filhos pudessem aprender na oficina de um mestre afamado. Permanecia entre ambos - pais e mestre - um contrato moral. Não havia idade certa para o início da aprendizagem. O aprendiz era colocado sob a guarda do seu mestre. Esse lhe ensinava o ofício, educava-o e servia-se dele para outras tarefas, principalmente domésticas. As relações estabelecidas no contrato entre pais e mestres poderiam ser, inclusive, objeto de contenda judicial.
Ainda hoje mestres e artífices são muito valorizados em Minas Gerais.

Erinaldo Alves
Julho de 2007
(trechos extraídos da Tese de doutorado. Ver indicação bibliográfica na coluna ao lado)

Comentários

Liege Machado disse…
Essa foto lembrou-me de uma viagema á Minas em que tirei uma foto do rosto cristo na acima do pórtico da entrada principal da igreja, que vc só percebe bem de longe... É bem interessante!

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