Visão convencional das datas comemorativas
Fonte da imagem: http://www.catavento-cdca.org/imagens/catavento/catavento_12.jpg
Datas comemorativas: fazendo Arte ou não?
Ana Maria Petraitis Liblik, Isoldi Ciscato e Thais Gralik
Fonte do texto: http://www.artenaescola.org.br/pesquise_artigos_texto.php?id_m=66
Entre os inúmeros problemas que o professor de Arte enfrenta nas escolas está o de participar ou não de datas comemorativas. Faz parte do universo escolar festejar algumas festas religiosas (e outras nem tanto por serem apenas apelos comerciais) que estão no imaginário de professores e alunos.
O profissional do ensino de Arte passou por diversas fases – desde a mais completa isenção sobre o assunto até a participação obrigatória neste cotidiano. Neste vai-e-vem de tendências podemos ver de tudo. É comum ainda hoje encontrar pelos corredores das escolas “enfeites” feitos pelos alunos sob a batuta da professora e que se referem a datas específicas tais como Páscoa, Dia das Mães, Festas Juninas e outras mais que todos conhecemos. Coelhinhos mimeografados, com um pompom de algodão, quem pode dizer que nunca viu? Cartões para comemorar o Natal com bastante purpurina como se isso desse um brilho especial à data... Cocares empertigados nas cabeças das crianças para comemorar o Dia do Índio, ou uma profusão de corações vermelhos para festejar o Dia das Mães são alguns dos exemplos que fazem parte deste universo.
De um lado o professor que acredita que deva fazer algo nestas datas e do outro a instituição escola que pressiona e até obriga o profissional a participar. Outros que não acreditam e outros que não querem fazer. Quem está certo? Será que há uma única verdade? O que fazer frente a este impasse?
Dizem os mais antigos que o equilíbrio entre os extremos é o bom senso. Usar dele talvez seja atender a escola, mas atender também ao que se acredita seja adequado para o ensino de Arte. Que tal pensar em atividades que consigam fazer com que, ao mesmo tempo, a instituição fique satisfeita e o aluno aprenda algo significativo em Arte?
Acreditamos que podemos tomar partido destas datas para elaborar com as crianças atividades que lhes tragam o conhecimento em Artes, assim como o prazer da experiência estética e o desenvolvimento da afetividade. Uma boa razão para isto está no fato de que normalmente a educação escolar não costuma levar em conta as expectativas e as demandas de uma sociedade pós-moderna. Vivemos em uma sociedade modificada pela indústria cultural de massa, publicidade, novas mídias, globalização e uma saturação da informação, que promovem uma crise em todos os setores da vida individual e coletiva, e leva a profundas transformações nas subjetividades, tanto das crianças quanto dos adultos.
A infância, tal como a concebemos hoje, começou a mudar a partir dos anos 50. “As instituições entretanto têm-se mostrado lentas para reconhecer as novas configurações familiares diferentes e as dificuldades especiais que elas encontram” (STEINBERG & KINCHELOE, 2001, p. 13.).
Na contemporaneidade fala-se em “perda da infância” (id. 2001), crianças que crescem muito rápido, crescem sozinhas por ausência dos pais, e lares fragmentados. “A mudança na realidade econômica, associadas ao acesso das crianças a informação sobre o mundo adulto, transformou radicalmente a infância” (id. 2001).
Apesar destas mudanças, como bem observa PARSONS (In: BARBOSA, 2005, p. 303), o ensino de Arte tem se voltado para as questões relativas à disciplina e questões sociais, mas tem “prestado muito menos atenção às questões psicológicas dos estudantes”.
Já recomendava Porcher (1973) que os objetivos de uma verdadeira Educação Artística no ensino de Arte na escola primária (hoje correspondendo às séries iniciais do Ensino Fundamental) deviam ser estabelecidos de acordo com três eixos simultâneos. Primeiro, assim como todas as outras atividades, as que são do contexto artístico visam à formação intelectual do aluno. Segundo, “não existe espontaneidade natural nem liberdade imediatamente criativa. É preciso dar à criança os instrumentos necessários para a sua auto-expressão” (p. 15). Terceiro, “o ensino artístico visa dar às crianças os meios de se tornarem sensíveis à obra de arte” (p. 15). Descontando os mais de trinta anos deste texto podemos perceber o quanto estamos dando voltas em torno das mesmas limitações e dificuldades. Há sim possibilidades de atender a escola e atender a nossa própria formação, sem nos mortificar em demasia. O bom senso retorna em pauta.
Vamos ver alguns bons exemplos realizados pelos participantes do grupo de estudos do pólo UFPR e que podem auxiliar o professor – tanto o de Arte quanto o generalista – a organizar as suas aulas.
Vamos considerar que as datas mais festejadas pelo Brasil afora são as seguintes: Páscoa, Dia do Índio, Dia das Mães, Festa Junina, Dia dos Pais, Dia do Folclore, Festas Nacionais, Dia da Criança, Dia do Professor e Natal. Delas vamos escrever apenas sobre duas: a Páscoa e o dia das Mães.
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