Esta
semana recebi de uma amiga no facebook seguinte notícia: uma Escola Pública em Brasília testava chip para monitor alunos. http://migre.me/brJ90(viaMetrópole Estadão)
Curioso,
acessei a página que direcionava a matéria e constatei que na prática o negócio
já funcionava desde 22 de outubro, onde uma turma de 42 estudantes do primeiro
ano do ensino médio, no Centro de Ensino Médio (CEM) 414 de Samambaia, cidade
do Distrito Federal (DF) tem suas entradas e saídas monitoradas através de um chip fixado no uniforme. Por celular se
manda mensagem aos pais ou responsáveis pelos alunos, informando o horário de
entrada e saída da escola.
No
primeiro momento postei que vivenciávamos uma época paradoxal na relação que
estamos construindo com as novas mídias na educação.
- Por
um lado, numa liberdade inimaginável, os alunos através da NET podem acessar um
conhecimento infinito e adentrar em locais jamais sonhados tempos atrás. No
ensino de artes visuais isso foi maravilhoso, pelo caráter perceptivo e de
familiarização cultural.
- Por
outro lado, (não sou especialista no assunto) mas a experiência em sala de aula
nos ajuda a perceber que a pressa da vida contemporânea está nos distanciando
do conceito de educar. Para maioria das pessoas “educar” é uma obrigação
exclusiva das escolas. Pelo contrário, o “conceito
de educar vai muito além do ato de transmitir conhecimento, educar é estimular
o raciocínio, é aprimorar o senso crítico, as faculdades intelectuais, físicas
e morais” (SILVA, 2012).
Lembro
das minhas famosas ceias em família, onde meu pai na cabeceira da mesa, minha mãe
coordenando a comida e tratando de relatar todos os assuntos pertinentes e imprescindíveis
para a criação de um bom cidadão. Rolava de tudo, desde piadas a comentários de
noticiários e jornais. Hoje em dia, a mesa foi substituída para TV, TV fechada,
PC, Celular, Netbook, tablets e outros que irão surgir... A informação corre
solta! E é indiscutível fazer uma comparação do conhecimento que o aluno
contemporâneo e outro do início dos anos de 1990 trazem para dentro da escola.
A informação é importantíssima no
processo de formação do cidadão, mas em detrimento desse contexto, estamos esquecendo
a orientação. Juntamente com a escola, os pais devem
despertar os nossos alunos para entender o mundo e as regras sociais, éticas e
culturais que nos cercam. Colocar um chip
no uniforme do aluno foi ultramoderno, contudo, entendo que estamos “inconscientemente”
ou não, dispensando o papel dos pais na “educação” de seus filhos.
Novamente
esclareço, num sentido lato, educação é algo que aprendemos em qualquer lugar e
as relações humanas são importantíssimas para seu objetivo. Assim,
meus amigos me preocupo com esse “panóptico midiático”, no qual não se pode
decidir ou perceber quando estamos sendo vigiados. Imagine se daqui algum tempo
um louco inserir nesse afamado chip
pequenas descargas elétricas para que os pais a distancias regulem seus filhos?
Brincadeiras
e preocupações a parte, Foucault em vigiar e punir (2004) ilustra numa gravura
do fim do século XVIII, a máquina a
vapor para corrigir crianças. Qualquer estabelecimento, de meio-dia às duas
horas, recebiam esse aparelho que funcionava para corrigir crianças com defeitos
(preguiçosas, gulosas, indóceis, desobedientes, briguentas, etc.).
Máquina a vapor para corrigir crianças |
Na
obra, a punição e a vigilância são poderes destinados a educar (adestrar) as
pessoas para que essas cumpram normas, leis e exercícios de acordo com a
vontade de quem detêm o poder e podem ser encontradas em várias entidades
estatais, como hospitais, prisões e escolas. Foucault ressalva que para
economia do poder seria mais vantajoso e mais eficaz vigiar do que punir. Com a
punição se gasta muito dinheiro para que o cidadão que infringiu a lei seja
resocializado (reeducado).
Então,
talvez a máquina a vapor para corrigir crianças seja impensado no nosso tempo,
mas quem sabe celulares pedagógicos de última geração ou criançinhas chipadas
desde seus primeiros passos sejam os próximos passos da educação pós...moderna.
Esqueci-me
de comentar que a diretora da escola, justifica que a implantação dos chips servem
para ajudar os professores a manter o controle, bem como, tranqüilizar os pais
e aproximá-los da vida escolar dos seus filhos (brincadeira). O representante
da empresa responsável alegou que sem essa tecnologia os professores perdem 20
minutos para realizar as chamadas durante as aulas, penso que o próximo
investimento da sua empresa poderia ser um capacete para implantar os nomes dos alunos nas
mentes dos professores. Mochilas com GPS e chips no uniforme já existem, então?
Penso
que atualmente é loucura desprezar ou subestimar a influencia das mídias na educação. Contudo, não podemos cometer erros anteriores, quando a sociedade impôs ao professor e a escola, única e exclusivamente a responsabilidade pela educação
dos alunos. Com a tecnologia de ponta, vamos passar novamente essa responsabilidade?
Por
fim, deixo uma divertida história que acredito que sintetiza essa nossa
inoperância em resolver nossos problemas cotidianos na escola.
Comunicar é um Desafio
Marcas de Batom no Banheiro...
Numa escola pública estava ocorrendo uma situação inusitada: uma turma de meninas de 12 anos que usavam batom, todos os dias beijavam o espelho para remover o excesso de batom.
O diretor andava bastante aborrecido, porque o zelador tinha um trabalho enorme para limpar o espelho ao final do dia.
Mas, como sempre, na tarde seguinte, lá estavam as mesmas marcas de batom...
Um dia o diretor juntou o bando de meninas no banheiro e explicou pacientemente que era muito complicado limpar o espelho com todas aquelas marcas que elas faziam. Fez uma palestra de uma hora.
Numa escola pública estava ocorrendo uma situação inusitada: uma turma de meninas de 12 anos que usavam batom, todos os dias beijavam o espelho para remover o excesso de batom.
O diretor andava bastante aborrecido, porque o zelador tinha um trabalho enorme para limpar o espelho ao final do dia.
Mas, como sempre, na tarde seguinte, lá estavam as mesmas marcas de batom...
Um dia o diretor juntou o bando de meninas no banheiro e explicou pacientemente que era muito complicado limpar o espelho com todas aquelas marcas que elas faziam. Fez uma palestra de uma hora.
No dia seguinte as marcas de batom no banheiro reapareceram...
No outro dia, o diretor juntou o bando de meninas e o zelador no banheiro, e pediu ao zelador para demonstrar a dificuldade do trabalho.
O zelador imediatamente pegou um pano, molhou no vaso sanitário e passou no espelho.
Nunca mais apareceram marcas no espelho!
Moral da história: Há professores e há educadores...
Comunicar é sempre um desafio!
Às vezes precisamos usar métodos diferentes para alcançar certos resultados.
acesso em: http://estudandoarteeducacao.blogspot.com.br/
SILVA,
Marco Aurélio da. O que é educar? Disponível em: < http://educador.brasilescola.com/orientacoes/o-que-educar.htm>.
Acesso em: 10.11.2012.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Petrópolis:
Editora Vozes, 2004.
Abraços
Comentários