A obra de arte pode e em muitos casos deve assumir uma função política e questionadora em nossa contemporaneidade.
Que tipo de ensino de arte estaremos promovendo se nos calamos perante a este tipo de embate? Embates são necessários, essenciais numa democracia. O ambiente universitário não é um ambiente fechado em que "só determinados temas" são tratados. Devemos lembrar de como foram criadas as primeiras universidades e quais os conceitos em que o próprio nome tangem.
Flávia Pedrosa
Releitura erótica de 'A Última Ceia' provoca polêmica na Univasf
Da redação
Desde então, servidores, professores e outros alunos iniciaram uma série de protestos contra o que acreditam ser uma “afronta aos bons costumes”. A obra já foi coberta com um lençol e várias pessoas já colocaram cartas na vidraça ao lado, repudiando o objeto.
Uma das servidoras, que não quis se identificar, contou à redação do programa Nossa Voz, da Grande Rio FM Petrolina, que devido à reação negativa dos alunos de engenharia, os estudantes de artes visuais fizeram ainda um painel com várias imagens de órgãos sexuais e pessoas nuas e o expuseram próximo à obra. “Várias imagens indecentes, está constrangendo tanto servidores quanto alunos”, relatou.
Disponível em: Site Grande Rio FM
Trabalho de estudante de Artes gera polêmica na Univasf em Juazeiro
Não é de hoje que sexo e religião geram discussões. E quando estes dois temas aparecem juntos, a polêmica é inevitável. Foi o que aconteceu no campus da Univasf, em Juazeiro, quando um estudante decidiu colocar em prática o assunto com o objetivo de cumprir uma atividade disciplinar do curso de Artes. O trabalho está exposto no hall do prédio da universidade desde a semana passada, e dividiu opiniões, porque mostra vários pênis representando os apóstolos de Jesus, tendo ao fundo uma foto da Santa Ceia, de Leonardo da Vinci.
Alunos do curso de engenharia acharam exagerada a forma de tratar o tema. “Estão confundindo liberdade de expressão com imposição”, disse um deles. Uma outra estudante justificou que tal manifestação até poderia ser feita, desde que em um ambiente mais restrito da universidade.
Mas o professor do curso de Artes, Matheus Steincarrier, saiu em defesa do seu aluno, que não se encontrava na Univasf ontem (10) à tarde, quando nossa reportagem esteve no local.
Em sua justificativa, o professor argumentou que já havia chamado a atenção do estudante, há cerca de dois meses, para a repercussão a partir da obra que o aluno iria compor. Mas ele informou que o trabalho usa elementos da cultura ocidental, e o cristianismo faz parte dessa cultura. “O trabalho está afirmando, de maneira positiva, o cristianismo”, disse Matheus.
No texto exposto juntamente com o trabalho, o estudante ratifica o que diz o professor, quando explica que a sexualidade, compreendida em seu aspecto cultural, era vinculada no mundo romano a vários elementos da vida cotidiana (entre os quais a religião). Inclusive em religiões romanas pré-cristãs, o pênis ereto, segundo o texto, era utilizado para espantar o azar e trazer boa sorte. “A arte vai possuir sempre uma leitura muito ampla”, ponderou o professor, ao considerar natural a polêmica.
Disponível em: Blog Carlos Britto
Obras de arte, marginalizando a sexualidade humana?
Como vocês podem observar, são sim do formato de pênis. Essa amostra tinha como a intenção falar sobre a sexualidade e o fato do "órgão masculino espantar o azar e trazer a boa sorte”, comparado com os apóstolos e indo pelo aspecto religioso, mas parece que não teve boa repercussão.
Muitos alunos quando foram à faculdade estudar ficaram horrorizados e chocados quando encontram esse tipo de material ao deleito.
Com todo o respeito ao curso de artes, eles deveriam se preocupar com o fato de que muitas pessoas poderiam não gostar ou se ofenderem com tal exposição.
A Sexualidade é um dos maiores bens que o homem pode ter, não deveria ser exposto em pratos, com o fundo de um templo, nem ser exposta como um papel no bebedouro. Seria isto a marginalização da sexualidade humana?
Existe uma lei a Lei nº10/78/M de 8 de junho, que fala sobre a exposição e exibição pública de material pornográfico. Quem quiser denunciar esse caso e ir mais fundo nessa historia o procedimento é escrever para a ouvidoria.
OBS: COMO COMPLEMENTO A ESTE POST, OS COMENTÁRIOS, EXPLICAM O "OUTRO LADO DA MOEDA".
Disponível em: Blog Produvasf
Mais polêmica
Foi montado um painel, com Imagens contendo mulheres e homens nus, com seus órgãos sexuais a mostra, insinuações de sexo, e imagens insinuativas.
Os responsáveis da obra tentaram explicar a proposta, a ideia da obra para os estudantes, professores e a comunidade, e mesmo com muito bate papo, gritaria e zombaria ainda não se chegou a nenhuma conclusão.
Um comentário desse post que merece ser citado:
"Bem, como o autor do blog expôs, não chegou-se, apesar das ferrenhas discussões, a um denominador comum. Mas creio que o importante aqui não seria construir essa homogeneidade de compreensão.
A grande contribuição dessa obra exposta e geradora de de tantos dissabores, é justamente essa possibilidade de tirar a comunidade acadêmica do lugar-comum. Possibilitar discussões tão amplas e problemáticas que permitam questionarmos aquilo que nos apropriamos como "verdades".
Entendo que a obra jamais buscou converte-se numa manifestação de choque, mal-estar, repulsa ou mesmo rebeldia sem causas, a questão é que, a arte mesmo quando produção particular, não desvincula-se do plano social, coletivo, seja pelas referências de vida do autor (que possuem um caráter individual e coletivo), seja pela própria interpretação da proposta atribuída no âmbito social.
A temática da moral, tantas vezes exposta como maior causa de repúdio à obra, é fruto de discussões e posturas coletivas, que transfiguram-se ao longo do tempo e espaço. Apoiar-se numa dita moral estática que muitas vezes promove discursos e posturas antagônicas deveria ser o eixo norteador dessas discussões, assim, todos ganharíamos uma sociedade menos hipócrita, a arte consolidaria seu papel interventor na sociedade e a Universidade seu papel de formação crítica de cidadãos. "
Postador por: Flávia Pedrosa
Comentários
Num final de tarde de sexta-feira, precisava ir à faculdade para fazer umas fotocópias. Fui buscar minha filha de 8 anos na escola e, juntos, fomos à Univasf, campus de Juazeiro, BA.
Logo na entrada, deparei-me com um objeto artístico intitulado de “A CEIA” com doze pênis eretos esculpidos, servidos à mesa sobre pratos, e uma pintura ao fundo, numa alusão ao afresco “A ÚLTIMA CEIA”, de Leonardo da Vinci.
- Papai, isso são “pênises”?
- Sim, filha, são pênis.
- O que estão fazendo aí? Por que o nome é “A Ceia” ? Ceia não é da Páscoa?
- Não sei, filhinha, acho que é arte só para maiores.
Se é certo que a arte não serve ao belo e ao prazer estético, apenas, sendo também instrumento do que possa causar outras sensações, como medo, repulsa, asco etc, estamos diante de um exemplo exato de objeto que causa essas sensações, especialmente as duas últimas: eis a arte contemporânea, com seus méritos e mazelas.
A licença poética do eu artístico, a liberdade de expressão, direito garantido pela Constituição Federal, levada a um quase extremo, passa a ignorar limites impostos pelo bom senso, ética, bem como sentimentos e até a liberdade individual de outrem.
Deparei-me, naquele instante, com uma espécie de canal erótico de TV por assinatura, entretanto sem a funcionalidade “controle dos pais”. Não tive como filtrar o que seria adequado ou não para ser visto por minha inocente criança.
O objeto, elaborado com técnicas mistas de colagem, modelagem, escultura e impressão, além do gosto muito pessoal e do aspecto chulo e tosco, agride um símbolo religioso cristão e transfere um delírio de consumo próprio para uma mesa de jantar. Ao mesmo tempo em que os objetos são servidos nos pratos o próprio “eu poético” (tomado aqui em seu sentido amplo, do grego “poiesis”, criação, não se referindo apenas à literatura) espera, talvez, ser o prato principal da ceia.
O falo, cultuado como símbolo de poder criador e doador da vida em religiões não cristãs, presente nas manifestações humanas desde a arte rupestre, é transportado para um cenário cristão, numa evidente intenção de agredir e chocar, o que consegue e quiçá tenha sido esta a perfeita intenção do autor.
Assim, noutra via, não se pode tolher a igual liberdade de manifestação do público agredido e chocado. A liberdade expressada na obra “neo falicista” não deve subtrair a do público que repudia o objeto, considerando que o repúdio pode ser inerente à sua própria concepção, sentimento esperado e desejado, pois a resposta do público é parte da consumação da obra, desdobramento de seu próprio ser.
Não seria o caso de evocação ao art. 234 do Código Penal, pois tal preceito normativo foi rejeitado pela sociedade e anda sem aplicabilidade há muito tempo, já que as publicações eróticas são vendidas livremente nas bancas, canais de TV por assinatura e cinema da mesma natureza estão consolidados, “sex shops” não são mais lojas que funcionam clandestinamente etc.
Por outro lado, o episódio remete a uma reflexão mais profunda. Há lugar próprio para a arte erótica ou ela pode/deve ser exibida em qualquer ambiente público, acessível até a crianças?
O direito de liberdade de expressão pode ferir o sentimento religioso de outrem, sem maiores consequências, e tudo é possível em nome de uma arte sem ética?
Tenho as respostas que me servem.
Cesário, J.E.S.
E lembre-se profa. Flávia nem todas pessoas do mundo veem pornografia. Se não eu quero ver esse tipo de coisa, que para alguns é arte, acredito que não devo ser obrigada a ver.
A união entre o profano e o sagrado já é bem antiga, e um dos casos mais conhecidos é o do escultor e pintor Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni que também foi envolvido em um escândalo por pintar corpos nus em seu afresco “O juízo Final” (1537-1541) para o teto da Capela Sistina. A cena pode ser constatada no filme Agonia e Êxtase (The agony and the ecstasy)-1965-Direção Carol Reed.
Isso demonstra que o ser humano, principalmente o ocidental, ainda não sabe lidar com sua própria sexualidade e não é a primeira vez que a Arte tropeça nesse tema e o pequeno painel de “mulheres e homens nus, com seus órgãos sexuais a mostra, insinuações de sexo, e imagens insinuativas”, prova isso. A grande pergunta é: a polêmica foi gerada pelo o uso de uma imagem que remete à “Última Ceia” ou pela exposição de falos como escultura? E por que o painel causa mal estar se são reproduções de obras já consagradas dentro da História da Arte?
Creio que todo esse burburinho em torno do trabalho é saudável se direcionado a um diálogo sobre a democracia dos espaços universitários e não à critica do que é ou não Arte. Afinal, hoje em tempos contemporâneos é difícil instituir a obra artística, já que não há mais cânones.
Quanto à polêmica que os falos causaram, pergunto se como educadores não deveríamos encarar a sexualidade como uma realidade explícita também na Arte ou se também devemos proibir o uso da imagem de pênis e de vaginas nos livros de biologia e de ciências em prol da “preservação dos bons costumes” das pessoas desavisadas.
Prof. Danilson Vasconcelos
Porém, acredito que as pessoas devam ser orientadas a levar suas idéias e criações para um local onde as pessoas ESCOLHAM entre ver, participar e opinar. Isso também é liberdade. E que não se crie uma mentalidade de que a "arte" deva ser algo pensado, criado e "cuspido" na cara de todos.
Uma pessoa que consegue enxergar em um pênis a representação de Jesus, sinceramente, só quis ter seus 15min de fama.
Vivemos em uma sociedade onde uma menina por usar um vestido curto vermelho é humilhada em público em uma Universidade. Já em outra, alguém cria uma nova versão da obra "A última Ceia" cheia de pênis, bota na entrada da Universidade e cinco dias depois a "arte" continua exibindo sua "profundeza" intelectual e física sem que ninguém tire-a de lá.
Será que eu estou sendo moralista demais, ou o criador "daquilo" está no direito dele?
OS DEZ MANDAMENTOS PARA SE TORNAR UM BOM “PRÁTICO”.
1°- DOMINAR AS QUATRO OPERAÇÕES BÁSICAS “DA MATEMÁTICA”.
2°-NÃO TOLERAR MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS “NEM TENTAR COMPREENDÊ-LAS”.
3°- MANTER TOTAL DESCONHECIMETO DAS RELIGIÕES PAGÃS.
4°- CONSERVAR A CASTIDADE “SOB QUALQUER CIRCUNSTÂNCIA”.
5°- CONSERVAR OS VALORES “MESMO QUE FAÇA CONFUSÃO QUANTO À ELE.”
6°- CONFUNDIR SINCRETISMO COM SAFADAGEM.
7°- TER O PATRIMONIALISMO COMO VALOR INCONTESTE.
OBS.: TRÊS ÚLTIMOS MANDAMENTOS EM ELABORAÇÃO...
LORD BYRON
cfa...cleriton23@hotmail.com
pessoalmente, não foi um choque pra mim, muito pelo contrário, até diria. as matérias-primas toscas que elaboram esta obra (ou objeto?) manifestam falta de recursos para algo mais..."belo". então, aí, já temos outro discurso, o da carestia de produtos que possam "elevar" a arte ao "status" de... destaque (na falta de outro termo). o que eu vi, pelas fotos, quer manter mais uma afronta às questões ditas "cristãs" que qualquer outra coisa. o que é válido para cabeças como a minha que pensam que o cristianismo ainda não mudou sua forma hipócrita de pensar no "nu" e seus desdobramentos (dos mais "ingênuos" aos mais "escancarados" - se é que se há diferença hoje, ela é ingênua e descaradamente ignorada!)como parte da natureza humana que PODE SIM ser estudada e manifestada pela arte, por que não???
antes de julgar tais obras, porque antes não procurar se informar a respeito de como e porque esta manifestação artística foi concebida?
dentre muitos outros mandamentos lidos naquela dita tábua lá, hoje praticamente banalizados e satirizados, esqueceram de um: LEIA BONS LIVROS.
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Essa "obra" reúne dois aspectos atuais importantes, inerentes ao antigo e sistemático fronte pelo desmantelamento das nações: erotismo e ataque ao cristianismo – e certamente por isso deverá receber apoio e destaque.
Esse tipo de lixo artístico é uma das muitas ferramentas do programa de desestruturação por detrás do utópico socialismo (cabeça-de-ponte para o comunismo), sob a farsa da pseudo igualo-libero-fraternidade, e um gradual aumento na divulgação e incentivo a esse tipo de coisa é tudo o que se pode esperar num país em processo de subversão.
É preciso expor a trama e reagir com coragem contra seus perpetradores, cuidando para que os jovens não sejam aliciados e contaminados em suas mentes maleáveis.
Um antídoto contra isso seria colocar no poder um governo sério, inteligente, austero e determinado a cortar as influências negativas dos tais grupos.