Existe uma máxima na Arte que diz que os artistas fazem todo o trabalho, mas que a obra impõe-se por si mesma. Isto explicaria, porque algumas obras se destacam por terem a capacidade de falar algo além da sua própria época, oferecendo inspiração e um significado que atravessam os tempos.
Osborne ( 1970, p.29) definindo o conceito e a função da obra de arte, explicou que durante toda a história, a obra eram artefatos fabricados para promover algum valor ulterior, porém hoje, esta obra é feita precipuamente para serem obras de arte, e serem apreciadas esteticamente.
É na renascença, que a obra de arte se destaca através do aparecimento da obra-prima, um trabalho submetido à sua corporação profissional como prova de que o artista dominava as habilidades técnicas necessárias, o artista era julgado pelas qualidades do intelecto e imaginação.
Todavia, antes do séc XIX e do desenvolvimento do moderno comércio da arte, a maioria das grandes obras era encomendadas por um patrono, que em geral determinava condições específicas ou tinha o papel ativo na definição do tema e da aparência da obra. Os maiores patrocinadores eram a igreja católica e as cortes reais da Europa. As obras expressavam a crença total do artista e o seu empenho em fazer a que lhe foi pedido.
Hoje, tomando como exemplo os estudos de Coli (1995), o conceito de Arte no que diz respeito a uma obra, está estreitamente ligado em nosso mundo por meio do aparato cultural que envolve os objetos: o discurso, o local, as atitudes de admiração, o virtuosismo técnico, o mercado, biografia do artista, etc.
Por exemplo, podemos considerar os afrescos de Giotto como Arte, por vários motivos: porque Giotto foi um artista revolucionário, considerado por muitos o fundador de toda pintura moderna e o pai da Renascença italiana; por estes apresentarem uma inovação técnica e um desempenho excepcional, diferenciando-se do estilo decorativo da pintura bizantina, etc.
A Mona Lisa de Leonardo da Vinci é Arte, porque é a pintura mais famosa do mundo, que há mais de quinhentos anos vem inspirando poemas, pinturas, canções, falsificações, etc. Poderíamos também, afirmar que Mona Lisa seria Arte porque está no Museu do Louvre, em Paris, protegida até por vidros à prova de balas. Outro fator importante para comprovar o status de Arte, seria sua nova dimensão de realismo e veracidade à arte da pintura, obtida pelo sfumato. Vasari certa vez disse:
“... sua boca, unida à coloração de carne do rosto pelo vermelho dos lábios, parecia a de um ser vivo e não de uma pintura... Olhando para a garganta, se pode jurar que o sangue ali pulsava...”. (Cumming, 1996, p.26).
Penso que, com todos esses argumentos, dificilmente alguém iria contestar a obra prima de Leonardo.
Certamente, também acho que poucas pessoas na face da terra contestaria a grande Arte de Picasso, que é Guernica. Pois esta atingiu o ápice de grande Arte, não apenas pelo aspecto cubista, ou monumentalidade das dimensões, mas sim por seu caráter expressionista e instrumentalista. Guernica serve a uma causa universal, a luta contra a desumanidade do homem, contra os horrores da guerra, contra a miséria, a fome e a morte. Parafraseando o próprio Picasso “A arte é uma mentira que nos faz perceber a verdade.” (Cumming, 1996, p.98).
E só para finalizar, quem no mundo irá dizer que uma tela de Guinard, Vaso de Flores, pintada em 1931, avaliada inicialmente pela Chistie’s de Nova York, em 70 000 doláres, mas que foi arrematada em 761 500 dólares este ano pelo deputado Ronaldo Cezar Coelho não é Arte. Ou então, A Natureza Morta com Cortina, Jarro e Fruteira, de Paul Cézanne, pelo preço de sessenta milhões de dólares. A Ilha de Grande Jatte, de Seurat, por trinta e cinco milhões de dólares. O Canal do Rei, de Van Gogh, por dezenove milhões de dolores. Ou simplemente, um único desenho de Degas, por vinte e oito milhões de dólares.
Referências Bibliográficas:
COLI, Jorge. O Que é Arte? São Paulo: Editora Brasiliense, 1995.
CUMMING, Robert. Para Entender a Arte. São Paulo: Ed. Ática, 1996.
OSBORNE, Harold. Estética e Teoria da Arte: Uma Introdução Histórica. São Paulo: Cultrix/EDUSP, 1970.
(JOSÉ DE VASCONCELOS SILVA)
Osborne ( 1970, p.29) definindo o conceito e a função da obra de arte, explicou que durante toda a história, a obra eram artefatos fabricados para promover algum valor ulterior, porém hoje, esta obra é feita precipuamente para serem obras de arte, e serem apreciadas esteticamente.
É na renascença, que a obra de arte se destaca através do aparecimento da obra-prima, um trabalho submetido à sua corporação profissional como prova de que o artista dominava as habilidades técnicas necessárias, o artista era julgado pelas qualidades do intelecto e imaginação.
Todavia, antes do séc XIX e do desenvolvimento do moderno comércio da arte, a maioria das grandes obras era encomendadas por um patrono, que em geral determinava condições específicas ou tinha o papel ativo na definição do tema e da aparência da obra. Os maiores patrocinadores eram a igreja católica e as cortes reais da Europa. As obras expressavam a crença total do artista e o seu empenho em fazer a que lhe foi pedido.
Hoje, tomando como exemplo os estudos de Coli (1995), o conceito de Arte no que diz respeito a uma obra, está estreitamente ligado em nosso mundo por meio do aparato cultural que envolve os objetos: o discurso, o local, as atitudes de admiração, o virtuosismo técnico, o mercado, biografia do artista, etc.
Por exemplo, podemos considerar os afrescos de Giotto como Arte, por vários motivos: porque Giotto foi um artista revolucionário, considerado por muitos o fundador de toda pintura moderna e o pai da Renascença italiana; por estes apresentarem uma inovação técnica e um desempenho excepcional, diferenciando-se do estilo decorativo da pintura bizantina, etc.
A Mona Lisa de Leonardo da Vinci é Arte, porque é a pintura mais famosa do mundo, que há mais de quinhentos anos vem inspirando poemas, pinturas, canções, falsificações, etc. Poderíamos também, afirmar que Mona Lisa seria Arte porque está no Museu do Louvre, em Paris, protegida até por vidros à prova de balas. Outro fator importante para comprovar o status de Arte, seria sua nova dimensão de realismo e veracidade à arte da pintura, obtida pelo sfumato. Vasari certa vez disse:
“... sua boca, unida à coloração de carne do rosto pelo vermelho dos lábios, parecia a de um ser vivo e não de uma pintura... Olhando para a garganta, se pode jurar que o sangue ali pulsava...”. (Cumming, 1996, p.26).
Penso que, com todos esses argumentos, dificilmente alguém iria contestar a obra prima de Leonardo.
Certamente, também acho que poucas pessoas na face da terra contestaria a grande Arte de Picasso, que é Guernica. Pois esta atingiu o ápice de grande Arte, não apenas pelo aspecto cubista, ou monumentalidade das dimensões, mas sim por seu caráter expressionista e instrumentalista. Guernica serve a uma causa universal, a luta contra a desumanidade do homem, contra os horrores da guerra, contra a miséria, a fome e a morte. Parafraseando o próprio Picasso “A arte é uma mentira que nos faz perceber a verdade.” (Cumming, 1996, p.98).
E só para finalizar, quem no mundo irá dizer que uma tela de Guinard, Vaso de Flores, pintada em 1931, avaliada inicialmente pela Chistie’s de Nova York, em 70 000 doláres, mas que foi arrematada em 761 500 dólares este ano pelo deputado Ronaldo Cezar Coelho não é Arte. Ou então, A Natureza Morta com Cortina, Jarro e Fruteira, de Paul Cézanne, pelo preço de sessenta milhões de dólares. A Ilha de Grande Jatte, de Seurat, por trinta e cinco milhões de dólares. O Canal do Rei, de Van Gogh, por dezenove milhões de dolores. Ou simplemente, um único desenho de Degas, por vinte e oito milhões de dólares.
Referências Bibliográficas:
COLI, Jorge. O Que é Arte? São Paulo: Editora Brasiliense, 1995.
CUMMING, Robert. Para Entender a Arte. São Paulo: Ed. Ática, 1996.
OSBORNE, Harold. Estética e Teoria da Arte: Uma Introdução Histórica. São Paulo: Cultrix/EDUSP, 1970.
(JOSÉ DE VASCONCELOS SILVA)
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