Brinquedos são essencialmente multi-modais – eles são:
Objetos tridimensionais que podem ser lidos e interpretados como textos (entendemos textos, semióticamente falando, como objetos materiais concretos produzidos em discurso, e sua estrutura comunicativa (HODGE e KRESS, 1988, p. 6));
Objetos para serem manipulados e usados.
Kress (1993, p. 174) sugere que todos os textos “codificam da mesma forma as posições ideológicas de seus produtores”. Como signos semióticos e, portanto ‘textos’, os brinquedos também se localizam em discursos de gênero, idade e classe social, entre outros.
Também possuem as características básicas daquilo que Scollon rotula de “discurso mediado” (2000/5):
Os brinquedos são interdiscursivos “posicionados dentro de discursos múltiplos, sobrepostos e mesmo conflitantes” – os discursos da família, da escola e da publicidade;
Têm elos intertextuais com outros meios de comunicação de massa, especialmente com as narrativas clássicas e modernas de todo tipo – livros, filmes e histórias em quadrinhos. Em muitos casos, fica-se em dúvida do que apareceu antes – se o brinquedo como objeto, ou se histórias que eventualmente se transformam num brinquedo. Ursinhos de pelúcia, por exemplo, foram primeiramente produzidos como brinquedos e posteriormente, diferentes estórias, recontadas em diferentes mídias (filmes, livros, desenhos animados, etc.) foram produzidas após o brinquedo (GREY e GREY, 1995). Um processo inverso ocorre atualmente com os últimos filmes Disney, que começam como narrativas e são fonte de muitos brinquedos.
São dialógicos – um meio através do qual diferentes tipos de ‘conversas’ podem ser estabelecidas.
O significado dos brinquedos é, assim, uma combinação entre o que os brinquedos propriamente ‘são’ (os significados dados às crianças pela indústria de brinquedos), e o que as crianças ‘fazem’ com os brinquedos, ou as maneiras como elas os usam. Presumimos que quando as crianças brincam, os sentidos que criam não são necessariamente os mesmos atribuídos pelo fabricante ao brinquedo. As crianças podem aceitar, rejeitar ou transformar os significados oferecidos. Os signos oferecidos, conseqüentemente, poderiam ser reinterpretados/re-apropriados e recriados pela criança que brinca, com outros signos (incluindo signos de outros modos como a fala, expressões faciais, gestos, roupas). Em outras palavras, os brinquedos são um código, uma linguagem com a qual as crianças podem construir seus próprios roteiros/narrativas, de modo a incorporar os signos distribuídos globalmente aos contextos específicos de seu próprio mundo: a escola ou a família. (VANDENBERG, 1986; SUTTON-SMITH, 1986). Um personagem da Playmobil, por exemplo, construído como um ‘bombeiro’, torna-se um bebê que pode ser posto para dormir (e a maca do bombeiro é transformada num berço pela menininha que brinca com o objeto).
Podemos dizer, assim, que brinquedos são, simultaneamente, comunicações já produzidas e ferramentas com as quais se produzem significados. Podemos traçar analogias entre brinquedos como sistemas comunicativos e a linguagem como um sistema – ambos produzem significados ideacionais, interpessoais e textuais (HALLIDAY, 1985). Nós interagimos com os objetos de acordo com estas três dimensões. Os brinquedos, como um “sistema semiótico, projetam as relações entre o produtor de um signo ou um signo complexo, e o receptor/reprodutor daquele signo. Os brinquedos também projetam uma relação social particular entre o produtor, o observador e o objeto representado” (KRESS e VAN LEEUWEN, 1996, p. 41). E, finalmente, eles podem ser textualizados de muitas maneiras diferentes, através de estórias, filmes, desenhos animados, fotos, comerciais, etc.
Autores: Carmen Rosa Caldas-Coulthard e Theo van Leeuwen
Fonte: http://www3.unisul.br/paginas/ensino/pos/linguagem/0403/01.htm
Objetos tridimensionais que podem ser lidos e interpretados como textos (entendemos textos, semióticamente falando, como objetos materiais concretos produzidos em discurso, e sua estrutura comunicativa (HODGE e KRESS, 1988, p. 6));
Objetos para serem manipulados e usados.
Kress (1993, p. 174) sugere que todos os textos “codificam da mesma forma as posições ideológicas de seus produtores”. Como signos semióticos e, portanto ‘textos’, os brinquedos também se localizam em discursos de gênero, idade e classe social, entre outros.
Também possuem as características básicas daquilo que Scollon rotula de “discurso mediado” (2000/5):
Os brinquedos são interdiscursivos “posicionados dentro de discursos múltiplos, sobrepostos e mesmo conflitantes” – os discursos da família, da escola e da publicidade;
Têm elos intertextuais com outros meios de comunicação de massa, especialmente com as narrativas clássicas e modernas de todo tipo – livros, filmes e histórias em quadrinhos. Em muitos casos, fica-se em dúvida do que apareceu antes – se o brinquedo como objeto, ou se histórias que eventualmente se transformam num brinquedo. Ursinhos de pelúcia, por exemplo, foram primeiramente produzidos como brinquedos e posteriormente, diferentes estórias, recontadas em diferentes mídias (filmes, livros, desenhos animados, etc.) foram produzidas após o brinquedo (GREY e GREY, 1995). Um processo inverso ocorre atualmente com os últimos filmes Disney, que começam como narrativas e são fonte de muitos brinquedos.
São dialógicos – um meio através do qual diferentes tipos de ‘conversas’ podem ser estabelecidas.
O significado dos brinquedos é, assim, uma combinação entre o que os brinquedos propriamente ‘são’ (os significados dados às crianças pela indústria de brinquedos), e o que as crianças ‘fazem’ com os brinquedos, ou as maneiras como elas os usam. Presumimos que quando as crianças brincam, os sentidos que criam não são necessariamente os mesmos atribuídos pelo fabricante ao brinquedo. As crianças podem aceitar, rejeitar ou transformar os significados oferecidos. Os signos oferecidos, conseqüentemente, poderiam ser reinterpretados/re-apropriados e recriados pela criança que brinca, com outros signos (incluindo signos de outros modos como a fala, expressões faciais, gestos, roupas). Em outras palavras, os brinquedos são um código, uma linguagem com a qual as crianças podem construir seus próprios roteiros/narrativas, de modo a incorporar os signos distribuídos globalmente aos contextos específicos de seu próprio mundo: a escola ou a família. (VANDENBERG, 1986; SUTTON-SMITH, 1986). Um personagem da Playmobil, por exemplo, construído como um ‘bombeiro’, torna-se um bebê que pode ser posto para dormir (e a maca do bombeiro é transformada num berço pela menininha que brinca com o objeto).
Podemos dizer, assim, que brinquedos são, simultaneamente, comunicações já produzidas e ferramentas com as quais se produzem significados. Podemos traçar analogias entre brinquedos como sistemas comunicativos e a linguagem como um sistema – ambos produzem significados ideacionais, interpessoais e textuais (HALLIDAY, 1985). Nós interagimos com os objetos de acordo com estas três dimensões. Os brinquedos, como um “sistema semiótico, projetam as relações entre o produtor de um signo ou um signo complexo, e o receptor/reprodutor daquele signo. Os brinquedos também projetam uma relação social particular entre o produtor, o observador e o objeto representado” (KRESS e VAN LEEUWEN, 1996, p. 41). E, finalmente, eles podem ser textualizados de muitas maneiras diferentes, através de estórias, filmes, desenhos animados, fotos, comerciais, etc.
Autores: Carmen Rosa Caldas-Coulthard e Theo van Leeuwen
Fonte: http://www3.unisul.br/paginas/ensino/pos/linguagem/0403/01.htm
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