Vemos imagens de brinquedos em toda parte – nas propagandas, nos medias, na televisão, nos filmes e nos textos. Elas são produzidas de acordo com significados sociais que variam histórica e culturalmente e, portanto, transmitem mensagens diferentes para as crianças sobre o mundo social e as práticas sociais que as rodeiam. Soldadinhos de lata, por exemplo, populares no século XIX, significavam a heroicização dos ‘grandes’ generais ou almirantes, durante um tempo em que o ‘patriotismo’ era um valor social (este valor também era construído através de práticas de guerra e de canções nacionais e narrativas de guerra). Hoje em dia, soldadinhos de lata já não são mais populares. Brinquedos de construção, como, por exemplo, Meccano e, mais tarde, o Lego, apareceram durante a era do construtivismo e significavam padronização, universalidade, uniformidade e objetificação (o brinquedo não produz nenhuma reação afetiva, mas cria possibilidades para múltiplas combinações). Assim, em geral, a materialidade dos objetos (aquilo de que são feitos), como metal, plástico, madeira, ou materiais macios, e aquilo que representam, revelam referências culturais. Brinquedos, portanto, estão intimamente relacionados ‘ao que está acontecendo’ na sociedade, suas ideologias e seus valores.
Historicamente, os brinquedos têm sido vistos ou usados como modelos isolados do mundo real – de bonecas, cavalinhos e bolas a trenzinhos, carrinhos, brinquedos de construção e games. Nas sociedades pós-modernas, porém, brinquedos não são somente réplicas do mundo real; são, na verdade, um meio de comunicação de massa central para a vida social contemporânea, seja como modelos (réplicas), miniaturas ou objetos interessantes (com ou sem qualquer referência ao mundo real), ou como partes integradas de outros meios de comunicação de massa. O fenômeno Star Wars é um bom exemplo. O filme, que foi relançado em 1999, disparou todo um projeto comercial, e quando se visita uma loja de brinquedos hoje em dia, vê-se seções inteiras dedicadas à parafernália do Star Wars.
Assim, os brinquedos são um meio muito importante através do qual as crianças aprendem significados sociais e a interagir com os outros. Brincar é sempre brincar com algo ou com alguém, e os brinquedos são meios através dos quais a interação se dá.
Um outro aspecto do mundo do brinquedo é que o aprendizado está ligado ao conceito de brincar. Aristóteles foi o primeiro a fazer a distinção entre jogo e trabalho. Quando adultos ocidentais trabalham, geralmente utilizam ‘ferramentas’ (de modo interessante, ‘brinquedo’ e ‘ferramenta’ são uma única palavra em alemão – zeug), mas trabalhar com ferramentas é mais importante/aceitável e mais prestigioso do que brincar com brinquedos. Agora estamos testemunhando o advento dos games de computador sendo usados nas escolas, mesmo com crianças bem pequenas, como ferramentas de aprendizado – edu/entretenimento é o novo conceito educacional. Jogar no mundo tecno mudou das mãos/corpo para os dígitos/cérebro, e os valores do trabalho e do jogo ficaram indistintos.
Os brinquedos também continuam importantes para os adultos. Muitas pessoas colecionam brinquedos, ou guardam brinquedos aconchegantes da infância, chegando mesmo a comprar brinquedos novos, relacionando-se com eles de maneiras afetivas especiais. Ursinhos de pelúcia ou bichinhos macios, por exemplo, são secreta ou explicitamente guardados em quartos de dormir, levados ao local de trabalho, ou colocados nos carros. Neste sentido, os brinquedos também são um fenômeno adulto. Em conversas sobre brinquedos, muitos adultos tendem a se lembrar de eventos relacionados a sua própria infância e, de algum modo, parecem relembrar um tempo perdido. Entretanto, muitos adultos sentem-se embaraçados ao falarem de seus brinquedos e isto parece estar relacionado a valores do trabalho e do jogo a que Aristóteles se referiu.
Isto nos leva ao aspecto industrial/comercial dos brinquedos. De acordo com Sutton Smith (1986, p. 2), apenas nos Estados Unidos, “cerca de 800 empresas vendem por volta de 150.000 diferentes tipos de brinquedo e seus subprodutos, com cerca de 4.000 novos itens lançados todo ano, empregando cerca de 60.000 pessoas”. Estes números e pontos mencionados acima são significativos o bastante para nos fazer pensar sobre os brinquedos como importantes bens culturais.
Autores: Carmen Rosa Caldas-Coulthard e Theo van Leeuwen
Fonte: http://www3.unisul.br/paginas/ensino/pos/linguagem/0403/01.htm
Historicamente, os brinquedos têm sido vistos ou usados como modelos isolados do mundo real – de bonecas, cavalinhos e bolas a trenzinhos, carrinhos, brinquedos de construção e games. Nas sociedades pós-modernas, porém, brinquedos não são somente réplicas do mundo real; são, na verdade, um meio de comunicação de massa central para a vida social contemporânea, seja como modelos (réplicas), miniaturas ou objetos interessantes (com ou sem qualquer referência ao mundo real), ou como partes integradas de outros meios de comunicação de massa. O fenômeno Star Wars é um bom exemplo. O filme, que foi relançado em 1999, disparou todo um projeto comercial, e quando se visita uma loja de brinquedos hoje em dia, vê-se seções inteiras dedicadas à parafernália do Star Wars.
Assim, os brinquedos são um meio muito importante através do qual as crianças aprendem significados sociais e a interagir com os outros. Brincar é sempre brincar com algo ou com alguém, e os brinquedos são meios através dos quais a interação se dá.
Um outro aspecto do mundo do brinquedo é que o aprendizado está ligado ao conceito de brincar. Aristóteles foi o primeiro a fazer a distinção entre jogo e trabalho. Quando adultos ocidentais trabalham, geralmente utilizam ‘ferramentas’ (de modo interessante, ‘brinquedo’ e ‘ferramenta’ são uma única palavra em alemão – zeug), mas trabalhar com ferramentas é mais importante/aceitável e mais prestigioso do que brincar com brinquedos. Agora estamos testemunhando o advento dos games de computador sendo usados nas escolas, mesmo com crianças bem pequenas, como ferramentas de aprendizado – edu/entretenimento é o novo conceito educacional. Jogar no mundo tecno mudou das mãos/corpo para os dígitos/cérebro, e os valores do trabalho e do jogo ficaram indistintos.
Os brinquedos também continuam importantes para os adultos. Muitas pessoas colecionam brinquedos, ou guardam brinquedos aconchegantes da infância, chegando mesmo a comprar brinquedos novos, relacionando-se com eles de maneiras afetivas especiais. Ursinhos de pelúcia ou bichinhos macios, por exemplo, são secreta ou explicitamente guardados em quartos de dormir, levados ao local de trabalho, ou colocados nos carros. Neste sentido, os brinquedos também são um fenômeno adulto. Em conversas sobre brinquedos, muitos adultos tendem a se lembrar de eventos relacionados a sua própria infância e, de algum modo, parecem relembrar um tempo perdido. Entretanto, muitos adultos sentem-se embaraçados ao falarem de seus brinquedos e isto parece estar relacionado a valores do trabalho e do jogo a que Aristóteles se referiu.
Isto nos leva ao aspecto industrial/comercial dos brinquedos. De acordo com Sutton Smith (1986, p. 2), apenas nos Estados Unidos, “cerca de 800 empresas vendem por volta de 150.000 diferentes tipos de brinquedo e seus subprodutos, com cerca de 4.000 novos itens lançados todo ano, empregando cerca de 60.000 pessoas”. Estes números e pontos mencionados acima são significativos o bastante para nos fazer pensar sobre os brinquedos como importantes bens culturais.
Autores: Carmen Rosa Caldas-Coulthard e Theo van Leeuwen
Fonte: http://www3.unisul.br/paginas/ensino/pos/linguagem/0403/01.htm
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