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Persistência do jesuitismo no presente: concepção de ensino e bom professor


Imagem disponível em www.achetudoeregiao.com.br

O ensino das artes e ofícios reforçava a produção artística em consonância com as necessidades do templo católico, das reduções e associações ou irmandades. A temática religiosa e a configuração formal advinham de um modelo europeu. A execução da arte era um auxílio da graça divina.

Dominar múltiplas habilidades, garantindo uma produção artística condizente com a temática católica e com modelos europeus, era o que deveria desejar saber mestres jesuítas e aprendizes. A confecção de um objeto pelo aprendiz, semelhante ao modelo, revelava a efetivação da conversão. Todo o repertório iconográfico que pudesse incutir a visão do amor a Deus, a piedade, a santificação e a obediência constituía uma "boa imagem".

Um bom sujeito docente nas artes e ofícios, nos séculos dezesseis e dezessete na colônia brasileira, deveria ser um sacerdote estrangeiro, vinculado a uma ordem religiosa, proveniente de países europeus católicos e com capacidade para exercer múltiplas funções. No auge da arte barroca, sobretudo em Minas Gerais, no século dezoito, um bom sujeito docente passou a ser um artista leigo, ou seja, um profissional difusor do catolicismo. Eram em sua maioria mestiços, nascidos na colônia. Atuavam como empreiteiros, em oficinas, dispostos a atender às necessidades de irmandades e ordens terceiras.

Para ensinar e ser considerado bom, o sujeito docente deveria, nas oficinas de artes e ofícios, articular a temática religiosa, os modelos europeus com vistas à produção de um objeto artístico-religioso. A atuação polivalente, associada à devoção religiosa, era cobrada e valorizada, tanto em relação aos mestres como aos índios aprendizes.

Erinaldo Alves
Julho de 2007.
(trechos extraídos da Tese de doutorado. Ver indicação bibliográfica na coluna ao lado)

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