Pular para o conteúdo principal

Iluminogravuras de Ariano Suassuna




1) Fundamentos da visualidade nas imagens de Ariano Suassuna:- É herdeiro de uma visão romântica: “invenção de uma arte tipicamente nacional”.
- O nordeste surge como temática privilegiada no modernismo, especialmente, após a década de 1930;
- Ariano acredita que a “civilização do couro” gestou nossa identidade nacional;
- Interesse por iluminuras surgiu a partir de A Pedra do Reino

2)Iluminuras

Junção de Iluminuras com gravuras. É um tipo de poesia visual: une o texto literário e a imagem. Objeto artístico, remoto e atual, que alia as técnicas da iluminura medieval aos modernos processos de gravação em papel.

3) Processo de produção de iluminuras

Para confeccionar o trabalho, Ariano produz, primeiro, uma matriz da ilustração e do texto manuscrito, com nanquim preto sobre papel branco.
Em seguida, faz cópias da matriz em uma máquina de gráfica offset;
Depois, cada cópia é trabalhada manualmente: ele colore o desenho com tintas guache, óleo e aquarela, por meio do pincel.



- Letras – baseiam-nos ferros de marcar o gado e na caligrafia das escrituras sertanejas do século XVII ("tipografia armorial“);

- O amarelo-ouro, o marrom, o ocre, o azul, o preto e o vermelho são as cores que marcam a identidade do trabalho.

- É uma obra saudosista: evoca um nordeste “feudal”, medievalizado, diluído em narrativas européias misturadas com as de negros e índios.



- Os poemas e as imagens exploram os motivos da cultura brasileira, recolhidos da arte popular e da arte rupestre, a partir das itaquatiaras do Sertão nordestino.

- As formas de figuras humanas e de animais também derivam das xilogravuras.

- O sertão é representado como um “espaço ainda sagrado, místico, que lembra a sociedade de corte e cavalaria”, com profetas,peregrinos, cavaleiros andantes, bandeiras, brasões...

- Contrapõe o nordeste “feudal e medievalizado” com o progresso das regiões sul e sudeste;

- É um nordeste, de base teocêntrica, que luta contra o mundanismo acrítico;

- Enfatiza uma beleza do sertão sem negar as imagens de miséria e injustiças que povoam o sertão.

Alguns tópicos de palestra, proferida no dia 23.08.2007, intitulada "A iconografia de Ariano Suassuna", ministrada pelo prof. Erinaldo Alves no Seminário Ciência e Sabedoria em Ariano Suassuna, promovida pela Secretaria de Educação e Cultura de João Pessoa. Local: Auditório do CAM
Fotos: Erinaldo Alves a partir de catálogo sobre iluminogravuras de Ariano, editado pelo SESC - PE

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

CULTURA E BELEZA...

Os padrões estéticos são diferentes para diversos povos e épocas. Muitas vezes o que consideramos algo bizarro e feio, para alguns povos é algo com significado especial e uma busca por outro padrão de beleza. Na África diversos povos possuem algumas práticas e costumes que podem parecer bizarros para os ocidentais. O povo Mursi, na Etiópia, costuma cortar o lábio inferior para introduzir um prato até que o lábio chegue a uma extensão máxima, costuma pôr também, no lóbulo da orelha. Ao passar dos anos, vão mudando o tamanho da placa para uma maior até que a deformação atinja um tamanho exagerado. Tais procedimentos estão associados a padrões de beleza.[...] As mulheres do povo Ndebele, em Lesedi, na África, usam pesadas argolas de metal no pescoço, pernas e braços, depois que casam. Dizem que é para não fugirem de seus maridos e nem olharem para o lado. Esse hábito também pertence as mulheres do povo Padaung, de Burma, no sudoeste da Ásia, conhecidas como “mulheres girafas”. Segundo a t

Niemeyer: uma pequena homenagem

Na quarta feira (05) morreu aos 104 anos OSCAR NIEMEYER, o nosso grande arquiteto e, também um dos últimos gênios da arte e da arquitetura do século XX.  Ao lado de Frank Lloyd Wright e Le Corbusier, Niemeyer será lembrado com um dos grandes referencias do modernismo mundial. Contudo, Niemeyer quebrando a rigidez do moderno, utilizou a curva como nunca antes foi visto. Muitos o consideram o Mestre da curva: “Não é o ângulo reto que me atrai. Nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual. A curva que encontro nas montanhas do meu País, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, nas nuvens do céu, no corpo da mulher preferida. ” Niemeyer Professor de Arte de formação, fotógrafo e artista por escolha, aprendi a olhar e registrar as construções a partir da paixão que compartilhei com a minha esposa Eloane, arquiteta e engenheira civil. Pois, as construções nos contam uma parte importante das relações entre cidades e seu