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Cinema rejuvenescido - CineEsquemaNovo 2011


As gerações de jovens cineastas que aprenderam a filmar com o vídeo digital ao mesmo tempo em que descobriam todas as possibilidades das novas tecnologias começaram fazendo curtas, mas hoje já são responsáveis por grande parte do que há de mais vital na produção brasileira de longas-metragens. É por isso que o CineEsquemaNovo – Festival de Cinema de Porto Alegre, antes voltado prioritariamente aos curtas, inicia amanhã a sua sétima edição apostando nos longas.

São 39 filmes em competição, 12 deles de longa-metragem – na sexta edição foram apenas cinco. O décimo-terceiro é o grande vencedor do Festival de Tiradentes, o polêmico Os Residentes, de Tiago Mata Machado, que será apresentado amanhã, às 19h, fora de concurso, na sessão de abertura do evento porto-alegrense. Nem é preciso saber o décimo-quarto, filme-surpresa igualmente hors-concours que encerrará a programação no outro sábado, para concluir: trata-se de um panorama consistente e significativo não apenas daquilo que essas gerações têm apresentado, mas da própria produção nacional como um todo.

De Minas Gerais vem O Céu sobre os Ombros, de Sérgio Borges, eleito o melhor filme do Festival de Brasília do ano passado – o mais antigo e um dos mais tradicionais do país. Do Rio de Janeiro, A Alegria, de Felipe Bragança e Marina Meliande, exibido em Cannes e em Roterdã. Cao Guimarães, um dos principais cineastas brasileiros revelados nos anos 2000, compete com Ex Isto, filme inspirado em Paulo Leminski e estrelado por João Miguel (de Estômago). Helena Ignez, a eterna musa do cinema marginal, vem com uma bela e emocionante homenagem a Rogério Sganzerla (1946 – 2004) – Luz nas Trevas, conclusão de um projeto iniciado pelo grande diretor que marca a volta do protagonista de seu clássico O Bandido da Luz Vermelha (1968), agora encarnado pelo cantor Ney Matogrosso.

Há ainda propostas inusitadas, como a do pernambucano Marcelo Pedroso, que em Pacific narra um cruzeiro marítimo exclusivamente a partir das imagens captadas por seus participantes em seus celulares e câmeras particulares. Ou como a do baiano Wallace Nogueira, que documenta em Álbum de Família o reencontro com seu próprio pai, após oito anos de separação. Autoficção, novos suportes de captação, o lugar e o fomento do chamado cinema pós-industrial – grande parte das discussões mais interessantes que dizem respeito à cinematografia brasileira atual estão no CineEsquemaNovo, o CEN, em sua edição 2011.

– Dos mais de 900 filmes que pleitearam vaga no CEN deste ano (827 curtas ou médias e 82 longas, número superior a Brasília e também a Gramado), cerca de 20% foram inscritos e assistidos pela comissão de seleção via internet – disse, ao anunciar os selecionados, Ramiro Azevedo, que responde pela organização ao lado de Alisson Avila, Jaqueline Beltrame, Morgana Rissinger e Gustavo Spolidoro.

O CEN rompe fronteiras em todos os sentidos. Apresentará, em paralelo às competições, uma mostra com curtas exibidos em festivais europeus que têm propostas semelhantes às suas, e também duas exposições de arte contemporânea que trazem reflexões sobre o diálogo entre as linguagens do cinema e das artes visuais. Outra novidade: todos os filmes das mostras competitivas serão seguidos de mesas-redondas, alguns com a presença de seus diretores, logo após as suas exibições nas sessões noturnas – o espaço nobre do festival.

Além de vitrina, o CineEsquemaNovo também é um palco de debates. Pelo conteúdo daquilo que se propõe a discutir, o mais relevante entre os festivais gaúchos e, cada vez mais, um dos mais relevantes entre os seus pares no país.


Texto de Daniel Feix

Contato: daniel.feix@zerohora.com.br


Confira todas as informações no blog do evento: http://cineesquemanovo.wordpress.com/

"De 23 a 30 de abril em Porto Alegre
"


Confira ainda, no blog do evento a entrevista com Carlos Dowling*, nosso colega do Mestrado em Artes Visuais - UFPB/UFPE e idealizador de “Baptista Virou Máquina” no link-> http://cineesquemanovo.wordpress.com/2011/04/18/entrevista-carlos-dowling-realizador-de-baptista-virou-maquina-pb/

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Carlos Dowling é diretor, produtor e roteirista, e possui pós-graduação em roteiro de cinema e televisão pela Escuela Superior de Artes y Espectáculos de Madrid, na Espanha. Dirigiu “Funesto – Farsa Irreparável em Três Tempos” (1998), “A Sintomática Narrativa de Constatino” (2000), “GOD.O.TV” (2002) e “Felizes São os Touros ou Le Petit Mort” (2003), entre outros filmes. ”Baptista Virou Máquina” é fruto de uma experiência que mistura música e cinema, pois é ao mesmo tempo o álbum de estréia da banda Burro Morto, de João Pessoa/PB e também a peça audiovisual inspirada neste disco, dirigida por Carlos Dowling e ilustrada pelo artista plástico Shiko.



Por Idália Lins

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